segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O SÁBIO E A VAQUINHA


O SÁBIO E A VAQUINHA

Contam que um velho sábio peregrino estava caminhando com seu discípulo
pelas pradarias da velha China.
Por dias eles caminhavam sem encontrar o menor sinal de civilização,
nenhum rio ou qualquer vegetação de onde pudessem tirar alimentos.
Muito ao longe, tiveram a impressão de avistar um pequena casa e
passaram a seguir naquela direção. Chegaram a uma cabana de madeira,
pararam e calmamente começaram a bater com as palmas das mãos na esperança
de serem atendidos. Logo um velho senhor apareceu. Sua pele era queimada e
muito curtida pelo sol. As mãos pareciam fortes como as mãos de alguém que
preenchia seus dias inteiros com trabalhos pesados. Ao seu lado,
timidamente surgiu um menino que espiava curioso. .
Os visitantes foram convidados a entrar. Lavaram-se em uma bacia com
moderada e limitada quantidade de água. Receberam leite, chá e queijo
enquanto conversavam com a dona da casa que aparecera para servi-los.
Na manhã seguinte, enquanto preparavam-se para a partida, o velho sábio
perguntou: " Há vários dias andamos por estas pradarias. Nada encontramos,
nada vimos. Como podem, vocês, sobreviver por aqui?
Serenamente o ancião explicou. Ali atrás da casa temos uma vaquinha.
Uma vez por semana, ando cerca de dez horas até um pequeno lago de água
empossada da curta época das chuvas. No lombo da vaca consigo trazer
vários galões de água. Com a água, nos lavamos e bebemos. Com o que sobra
regamos a pequena vegetação da qual a vaca se alimenta e uma pequena moita
de chá. Tiramos o leite e ainda aproveitamos para fazer queijo. Desta
maneira montamos nosso dia a dia.
Gratos, os andarilhos despediram-se a seguiram viagem. Passadas algumas
horas o sábio peregrino para e diz ao seu aprendiz:
"Volte àquela casa, sem ser visto, pegue a vaquinha e traga ela para
cá." Aparentemente desnorteado e questionando pela primeira vez a índole
de seu mestre o jovem obedeceu.
No dia seguinte cruzaram com alguns viajantes a quem o velho presenteou
com a vaca.O seu aprendiz nada compreendeu.
Alguns anos depois o jovem aprendiz tornara-se um peregrino solitário.
No meio de seu caminhar reconheceu a região pela qual, há muitos anos,
passara com seu mestre. Após alguns dias avistou o que pareceu ser uma
pequena vila. Ao chegar lá viu uma venda onde alguns viajantes comiam e
bebiam.
Sentou-se em uma mesa e pediu uma bebida. Entretido com seu lanche
pensou o que teria acontecido com aquela família da qual havia roubado a
vaquinha. Certamente haviam morrido todos sem alimentos e sem água.
Sentiu-se mal com o que fizera e cambaleou com uma rápida tontura. A moça
que servia a mesa aproximou-se rapidamente e perguntou se estava tudo bem.
O peregrino respondeu que sim e disse:
"Apenas me lembrei que neste local vivia uma família muito simpática e
bondosa. Dividiram comigo o pouco que tinham para se alimentar. Penso o
que terá acontecido com eles." A moça sorriu e encaminhou o visitante até
uma bela casa e explicou, aqui é a sede desta fazenda na qual o senhor
está. Por favor, entre e aguarde.
O homem aguardou em uma grande sala até que um senhor veio de uma dos
quartos. Espantado o andarilho reconheceu o senhor que o recebera em sua
pequena casa muitos anos antes. Cumprimentaram-se com alegria e o jovem
perguntou: " O que aconteceu?!" O velho senhor contou a história:
" Logo após a partida de vocês nossa querida vaca desapareceu
misteriosamente. Certos de que não poderíamos viver e buscar água sem ela
começamos a pensar em outras alternativas. Começamos a cavar em vários
locais até que encontramos, a cerca de duzentos metros de nossa casa, uma
nascente subterrânea. Com isto tínhamos água a vontade. Irrigamos a terra
e logo tínhamos muitas moitas de chá. Um mercador passou e ofereceu
sementes de alguns vegetais em troca de um pouco de chá. Aceitamos e
plantamos todos. Os viajantes passaram a saber que aqui tínhamos água e
vinham sempre para cá durante suas jornadas. Trocando alimento e chá por
outras coisas acabamos por montar uma bonita horta, uma estalagem e um
pequeno restaurante. Temos vinte cabeças de gado e toda a minha família
veio da cidade para trabalhar conosco.
O jovem sorriu aliviado. Não apenas tirara de seus ombros o peso por
ter roubado a vaca, mas entendera, enfim, a última grande lição de seu
mestre.
" Quando acreditamos que todos os nossos problemas estão resolvidos
acabamos por nos acomodar. O que nos parece a solução, pode ser o fim de
nosso crescimento”.

Recebi sem indicação da AUTORIA.

"A bondade é necessária nos relacionamentos humanos. Quem não é bom não está cumprindo sua principal obrigação." (Tolstoi)

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