quarta-feira, 30 de março de 2011

A depressão e a sensação de pertencimento

A depressão e a sensação de pertencimento

Regis Mesquita


O Blog Psicologia Racional tem um video que conta a história da descoberta do átomo, e relata a  história trágica de um físico alemão que se suicidou.

Seu nome era Ludwig Boltzmann. Outros cientístas o difamaram por ele acreditar na existência dos átomos. Ele, portador de uma mente frágil, não aguentou, deu fim à própria vida.

Um ano antes da sua morte, Albert Einstein havia provado a existência dos átomos. Ludwig morreu sem saber que estava certo e que seria reconhecido.

Porque a descrença de outros cientístas foi fatal na vida desta pessoa, a ponto de deprimi-la e levá-la ao ato extremo?

Ele não tolerou o desprezo dos outros pelas suas idéias porque estava demasiadamente dependente da sensação de pertencimento.

Um bebê, ao nascer, possui uma "pequena" consciência que necessita se desenvolver. Ele se apóia nos familiares para saber quem é e o que são as coisas do mundo. Seu pai o abraça e diz: "vem cá meu filho..." Frases simples como esta vão demarcando o mundo e vão nomeando a realidade. Ou seja, para o bebê é uma questão de sobrevivência esta fixação no quem vem de fora. É assim que ele aprende e se desenvolve.

Junto aparece uma sensação agradabilíssima: pertencimento. Eu pertenço a algo e me sinto bem e MUITO SEGURO neste algo.

Esta necessidade de pertencimento é muito forte no ser humano imaturo. Na adolescência, quando começa a ter suas "próprias idéias", ou seja, se separa um pouco da família, o adolescente busca um grupo. É só andar em um shopping que você verá bandos de adolescentes querendo ser diferentes e sendo completamente iguais. O sentimento de pertencimento diminui na relação com a família e precisa de outro lugar para surgir. É aí que entra o grupo, e seus modelos que podem ser copiados.

Uma das mais importantes evoluções que devem acontecer é a diminuição desta dependência da sensação de pertencimento fixada em algo EXTERNO.

Uma consciência evoluída e madura, deve buscar cada vez mais DENTRO DE SI este pertencimento. Quem não faz este processo de transição do externo para o interno sofre e fica passível de ser manipulado de várias formas.

Alguns adoecem, como foi o caso do físico. A maioria fica insatisfeita e sempre procurando soluções externas onde possam se apegar.

Uma das formas de manipulação que a consciência imatura sofre é a idealização. O desejo por um ideal que negativiza o que é real. O que é real não é suficiente e nem razoável. A pessoa fica insatisfeita e aí ela procura "solução", quase sempre modelos externos.

Muitas neuroses, falta de "energia e ânimo", depressões, irritabilidade, ansiedade, etc, tem sua origem neste mecanismo: na busca por ter novamente e externamente a sensação agradabilíssima e a SEGURANÇA do PERTENCIMENTO.

Todo este processo se dá de forma semi-consciente e envolto em discursos e crenças que escondem a realidade desta dependência.

Este texto é, portanto, um convite para que as pessoas prestem atenção nesta necessidade e vivam melhor.


A sensação de pertencimento é "próxima" do sentimento de completude. Saiba mais neste texto do Blog Psicologia Racional

 

3 comentários:

Uílian Brasil disse...

Muito bom.

Anônimo disse...

Obrigado, estava precisando que alguém me explicasse isso. Tenho 23 anos, sou Cabo do exército, e moro sozinho a 4 anos, longe de meus familiares, a única interação que tenho e com um grupo de jovens que frequento, mas isso só não basta. E preciso ter certas explicações de vez em quando...

Anônimo disse...

È MUITO IMPORTANTE QUE SE DESCUBRA ESTE SINTOMA CEDDO, POIS QUE SE SENTI ASSIM PODE COMETER ATOS INSANOS COMO O SUICIDIO.

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